sábado, 18 de maio de 2013

"SOU RELIGIOSO GRAÇAS A DEUS" Um manifesto contra a teologia anti-eclesiástica

> Tem algo cheirando a enxofre no ar. Se você é um desses “crentes modernos” que não suporta ouvir falar de igreja, e se diz anti religioso, eu suponho que você não suportará lê este artigo até o final. Talvez eu tivesse a mesma atitude se estivesse em seu lugar. Afinal, esse é um relato de alguém que não comunga com a nova “tendência eclesiástica”. Tenho assistido com tristeza e temor as reações que têm abalado a igreja da minha geração. É um tal de anti-institucionalismo pra cá, anti-religião pra lá, abaixo a igreja pra cá, viva o liberalismo pra lá. Quem vai à igreja regularmente, ora, ler a bíblia e vive uma vida regrada é chamado ironicamente de “religioso”. Essa palavra virou termo pejorativo ultimamente. Enfim, a trilha sonora mais ouvida no inferno nesses últimos anos talvez seja aquela que diz: “tá todo mundo louco oba! tá todo mundo louco oba!”. Que me perdoe Silvio Brito, intérprete do clássico, se bem que ele não deva ficar muito triste em saber que faz sucesso tão longe. Na verdade isso tá parecendo àqueles movimentos que marcaram a história como os jovens psicodélicos de Woodstock, da geração “paz e amor”, com sua bandeira: “faça amor não faça guerra”. Com os punks de John Lydon e os sex pistols, nos anos setenta. Os streets dance dos oitenta. Enfim uma “guinada” no comportamento e atitudes comuns da sociedade. Nesse caso, no comportamento da igreja. A semelhança está no estrago que isso vai provocar. No caso da guerra do Vietnam, por exemplo, não foi o festival de Woodstock que parou a guerra. Aliás, ela nem parou, só mudou de endereço. E ainda a sociedade perdia de vez uma outra guerra, a do comportamento. Alguns dizem que o mundo não foi mais o mesmo depois de Woodstock, acredito mesmo que não. Mas uma coisa é certa, não mudou pra melhor. O que está acontecendo na igreja da nossa geração? O que fazer pra mudar a realidade da igreja da nossa geração? Qual será o futuro da igreja da nossa geração? O que essa igreja deixará de legado para a próxima geração? “Se houver próxima geração”. Antes de continuar quero dizer que desde cedo aprendi a respeitar e admirar todas as diferentes igrejas. Nunca fui contra a criação de novas igrejas. Aliás, louvo a Deus por essa dinâmica. Conheci a Cristo há 18 anos, num culto de uma igreja em fortaleza fundada por um grupo de pastores oriundos da Assembléia de Deus. Logo me apaixonei por aquela visão. Era uma igreja linda. Ali eu aprendi a amar a Deus e experimentar todas as suas promessas para minha vida. Foi ali também que eu fui chamado por Deus para o ministério pastoral. Nesse tempo também terminei o curso de bacharel em teologia. Conheci muitas pessoas amáveis. Trabalhei e liderei a plantação de cinco novas igrejas. Vi muitas pessoas conhecerem a Cristo. Vi Deus chamar e preparar muitos líderes, alguns, “meus filhos na fé”. Sou grato a Deus por aquela igreja. Aprendi a amá-la incondicionalmente. Como poderia ser contra algum movimento semelhante. Jamais. A minha inquietação, portanto, não está em se criar novas igrejas, muito pelo contrário, creio que essa metodologia deva continuar sendo explorada. Peter Wagner, em seu livro: “Plantar igrejas para a grande colheita”, afirma que não há metodologia mais eficaz. Minha inquietação está na mais nova estratégia de satanás contra a igreja, a teologia anti-eclesiástica. É comum ver e ouvir alguns pregadores com um afiado discurso contra a igreja. Tais pregadores, se escondem atrás de um discurso anti-institucional. Dizem eles: não somos contra a igreja, somos contra a instituição, aliás, esse discurso virou moda na roda dos esclarecedores. Outro dia lendo o perfil de um jovem numa rede social, adepto dessa nova teologia, fiquei chocado ao constatar o mal que isso está provocando. O tal jovem numa linguagem agressiva e mal educada, se auto proclamava não-evangélico. Perguntava se alguém conhecia duas ou três pessoas evangélicas que tivessem caráter, que fosse honesta. Detalhe, esse jovem é membro de uma igreja evangélica. Embora seu líder afirme que não. Uma igreja institucionalizada, embora seu líder diga que não. Logo entendi que aquele jovem estava assumindo uma das posições mais desprezíveis na igreja, a de “crente papagaio”, aquele que repete chavões alheios, mas não sabe o que está dizendo. Entendi que aquele jovem estava anunciando o grande perigo. O perigo de não se saber o que se quer dizer. Quando não sabemos o que queremos dizer, nos tornamos presa fácil de quem tem um bom discurso e habilidade para persuadir. Lembram da multidão gritando: “crucifica, crucifica, crucifica”. Eles não sabiam o que realmente queriam dizer. Mas influenciaram a decisão de Pilatos. Eis o perigo. Uma grande multidão está sendo atraída por esse discurso. Por que? O que é tão atrativo? Qual é a grande promessa? Sempre dizia para as pessoas mais próximas que se alguém quisesse começar um grande movimento, começasse batendo na igreja. Na verdade a igreja da nossa geração tem experimentado uma crise sem precedentes. Crise moral, ética e teológica. Vivemos dias difíceis na igreja. Portanto, é fácil bater em quem está “cambaleando”. Eis aí a resposta. Esse é o caminho mais fácil para se fazer nome e vender livros, cd’s e receber convites para congressos e conferências. É a nova tendência. Não faltará publico. Esses senhores mudaram seus discursos, abandonaram o paletó e a gravata, romperam amizades, dividiram igrejas e adotaram uma bandeira: “somos a verdade”. Há um tempo atrás, um líder renomado daqui de fortaleza orientou seus liderados que deixassem de usar paletó e gravata. Que ele mesmo já não usava mais, para se identificar mais com o povo. Ele queria que as pessoas se aproximassem mais dele. Dizia que os pastores de paletós ficavam muito parecidos com executivos. Na verdade o que ele precisa é deixar de ser arrogante e prepotente. As suas vestes não têm nada a ver com isso. Eu não morro de amores por paletós e gravatas, mas entendo que esse discurso é demagogo. Observemos o ex-presidente Lula que depois que passou a usar diariamente paletó e gravata conquistou não somente mais eleitores mais muitos amigos, um deles, o chamou de ”o cara”. No final de seu governo conquistou o mundo ao receber o prêmio de melhor governante do planeta. Ainda, antes da despedida , o “analfabeto”, recebeu o prêmio Honores Causa, da universidade de Coimbra, Portugal. O sindicalista acostumado a discursar de calça jeans e camiseta “sulfabril” em portas de fábrica não perdeu o carisma depois que passou a usar roupa de presidente ou porque não dizer “roupa de pastor”. (Quero ressaltar que não sou petista, pelo contrário, sou um ferrenho opositor). Quando me converti há 18 anos, logo me apaixonei por Cristo e por sua igreja. Entendi que eu fora chamado para fazer diferença nesse mundo, mas também entendi que nem tudo era perfeito e que eu deveria ser alguém para contribuir com o crescimento dessa igreja, o que tenho procurado fazer diligentemente. Sempre me entristecia ao ver e ouvir irmãos mais experientes testemunhar das suas experiências passadas. Eles contavam como a igreja da sua geração era ousada. Falavam do fervor pelo evangelismo, das suas aventuras ao saírem em busca das almas perdidas. Com entusiasmo enumeravam episódios que para mim eram exemplos de fé. Ao ouvi-los eu desejava viver aquilo. Mas logo percebi que minha geração seria diferente. A igreja da minha geração é uma igreja difícil, mas ainda é a igreja, a noiva de Cristo, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Mesmo que essas “portas do inferno” sejam abertas no seio da igreja. Recentemente assistimos a uma propaganda de uma sandália, onde Lázaro Ramos, personagem do comercial, lamenta-se, não entendendo como o Brasil um país tão grande em riquezas naturais pode sofrer com tantas injustiças sociais. Ao lado dele um argentino ouve seu lamento, então, entra na conversa confirmando o que o ator está praguejando. Imediatamente, Lázaro o repreende, negando o que acabara de falar, como quem defendendo o seu país. Acredito que semelhantemente deva se comportar o cristão em relação à igreja. É notório que atravessamos uma crise eclesiástica, não podemos negá-la. Mas esta crise é nossa. Nós somos a igreja. Somos co-responsáveis. Precisamos urgentemente tomar atitudes. Não aceito que abandonar o barco seja a atitude correta. Jesus continua no barco e ele é poderoso para fazer cessar a tempestade. Não acredito que esse “novo caminho”, seja o melhor para a igreja da nossa geração. Acredito no ditado que diz: “pra acabar com o carrapato não é preciso matar o boi”. Não há nada de errado com a igreja de Cristo. Ela é linda, maravilhosa e pura. O que está acontecendo nessa geração é o que já foi profetizado: “lobos se introduzirão em vosso meio disfarçados de ovelhas... acautelai-vos”. Jesus também nos ensinou a não tentar arrancar o joio do meio do trigo, na verdade essa tarefa é dele, só dele. O que precisamos fazer então? Como agir diante de tudo que está aí? Eu tenho uma sugestão, é o máximo que eu posso fazer. Sermos igreja, verdadeiramente sermos igreja. Só isso. Eu poderia parar por aqui e sei que já seria entendido por muitos. Mas por causa dos indoutos gostaria de ser mais claro. Desde pequeno aprendi que a igreja é a comunidade daqueles que seguem a Cristo, daqueles que buscam a santidade, que vivem em comunhão com outros cristãos e dão bom testemunho diante da comunidade. Ainda, que a igreja é lugar de acolhimento e solidariedade. E acima de tudo a igreja deve ser composta por pessoas que amam o próximo. Jesus disse que seríamos reconhecidos como seus seguidores, se fôssemos capazes de amar ao próximo assim como ele nos amou. Portanto, a responsabilidade é nossa, da igreja. Temos somente que ser igreja. Eu vejo nessa geração uma multidão de pessoas abandonando a igreja para viverem isolados. São os desigrejados. Essa nova tribo adota um comportamento que beira o absurdo. E ainda batem no peito e dizem: “não somos mais evangélicos, somos cristãos” ou “não preciso de igreja para ser de Jesus”. No entanto, o que estão fazendo é inventando uma nova “igreja”, não adianta negar isso. Eu poderia citar aqui o nome de muitos desses movimentos, mas prefiro, por enquanto, não fazê-lo. Concluo essa palavra afirmando meu entusiasmo em continuar servindo a Deus e a igreja como ela é. Quanto mais vejo seus defeitos e necessidades, mais me apaixono por ela, certo de que para isso fui chamado, para pastorear o rebanho. Num rebanho existem ovelhas brancas, malhadas e negras, ovelhas saudáveis e ovelhas doentes que precisam ser tratadas. Mas esse é o rebanho do Senhor. É a sua igreja. Alguém disse que a igreja é o melhor lugar para se está, eu creio nisso. Se isso é ser religioso, então “EU SOU RELIGIOSO GRAÇAS A DEUS”. Pr. Tony Domingos